quinta-feira, 16 de julho de 2009

Composição e Estética Fotográfica

Seja qual for a tendência, a fotografia antes de tudo deve ter boa estética, com conteúdo técnico e informativo, para atingir seu objetivo: uma linguagem. E por ser uma linguagem visual, a fotografia deve ser produzido com o propósito de que qualquer pessoa, em qualquer lugar, possa entendê-la. Rever algumas regras de composição e ter bom senso é essencial ao fotógrafo. As regras de composição ajudam a construir imagens tornando-as mais agradáveis e compreensíveis.

Isso não quer dizer que se deva fazer fotos simplesmente contemporâneas; é preciso ter criatividade e intelecto para criar imagens, respeitando estética, técnica e linguagem. Se uma imagem incluir estes três itens, causará impacto e captará o interesse do público por alguns segundos.

A composição tanto na fotografia, como em qualquer mídia visual, tem suas bases em dois princípios:

A) CORPO – Elemento ou conjunto de elementos de mesmo teor, a ser desenhado, filmado ou fotografado.

B) ESPAÇO – Área onde esses elementos serão distribuídos e organizados: na tela de pintura, no bloco de papel, ou no visor da câmara de cinema, vídeo ou fotográfica.

ESPAÇO E PLANOS – Todo o espaço compõem-se de inúmeros planos, e são justamente os elementos localizados nesses planos o ponto chave da distribuição e seleção do nosso trabalho.

A partir destes princípios, elaboramos alguns recursos práticos:

1) FOCALIZAÇÃO – Utilizando o recurso da PROFUNDIDADE DE CAMPO, podemos dar mais ênfase a determinado objeto, abrindo mais o diafragma (e compensando na velocidade, evidentemente…) afim de que os demais elementos, localizados em planos diferentes saiam “fora de foco”.

2) A FORMA – Ha vários meios de ressaltar a forma de um elemento dentro da composição. Pode-se destacar o contorno de um objeto principal alterando o angulo da câmara, e colocando-o em um fundo neutro e homogêneo, ou ainda enfatizá-lo melhor aproveitando o efeito de uma luz que venha por trás, ou que o ilumine lateralmente. A luz do começo da manhã, ou final da tarde poderá ajudá-lo muito a obter diferentes formas e resultados do mesmo objeto. Observe o tamanho das sombras das pessoas ou outros elementos nas ruas, vistas de cima no final da tarde. Lembre-se sempre que quanto mais simples for o conteúdo da imagem, maior força terá a sua mensagem. A utilização de baixas velocidades, movimentos de zoom, panning e outros recursos técnicos para alterar sua forma e evidenciar a sensação de movimento, podem produzir resultados de grande valor estético.

3) TONALIDADE – Se a tonalidade do assunto for mais clara ou mais escura que o fundo ou dos objetos que o rodeiam, este se realçará sobre os demais. Se determinado objeto for o assunto principal, basta iluminá-lo bem sobre um fundo plano de tons bem escuros. Se o espaço incluir outros motivos mais ou menos da mesma tonalidade, deve-se realçar o motivo principal por outros meios, como por meio da luz ou pela exploração visual do contexto.

4) ESCALA - Em iguais circunstancias, a atenção se concentra na maior unidade da cena, seja ela um elemento ou massa de sombra ou luz. Para dar realce a este elemento, é conveniente fazer com que este seja maior em proporção ao resto. Este controle de tamanho é feito variando a distancia da câmara ou angulo da câmera. Poderá haver distorção, dependendo de como a objetiva “olha” as coisas. O tamanho aparente do objeto aumenta ao se aproximar da câmara, e diminui de um ponto de vista mais distante.


5) SIMPLIFICAÇÃO TONAL – As condições atmosféricas, como a formação de névoa, por exemplo, podem ajudar a eliminar detalhes desnecessários em tomadas distantes. Quando estas formas aparecem a diferentes distancias, são separadas por perspectivas tonais e aparecem como áreas de tons planos contínuos, enfatizando sua profundidade visual.

6) ILUMINAÇÃO DE FORMAS – A iluminação é fundamental na representação visual do volume e está diretamente ligada ao tipo e foco de iluminação utilizado.

7) AS SOMBRAS – As sombras, tanto as projetadas pelo próprio objeto com as outras superfícies projetadas sobre ele, podem reforçar a forma. Em casos extremos, a sombra sugere mais informação que o objeto.

8) MOVIMENTO E PERSPECTIVA – Qualquer objeto que se mova paralelamente à câmera (como é o caso do “panning”) durante a exposição provocara linhas móveis, que seguirão uma direção semelhante às linhas de fuga da perspectiva. As tomadas de objetos moveis iluminados e as luzes de veículos em movimento formarão linhas luminosas de ótimo efeito plástico. Este efeito é especialmente útil para criar sensação de profundidade visual em fotografias noturnas

9) PERSPECTIVA – A perspectiva e o melhor procedimento para se criar à sensação de tridimensionalidade fotográfica. A profundidade é especialmente importante quando o elemento principal esta situada nas distancias medias. Mediante a perspectiva linear pode-se conduzir o interesse até ele.

10) TEXTURAS – Texturas de material enferrujado, tinta descascadas, troncos de árvores, muros velhos, folhas secas, terra rachada pela seca, produzem efeitos abstratos muito criativos.©Enio Leite, Escola Focus

11)REGRA DOS TERÇOS – O fato de se colocar o assunto ou o objeto principal no centro do quadro, nem sempre resultará em uma boa imagem. Normalmente a cena, com uma imagem centralizada torna-se cansativa.

A melhor forma de resolver este problema é imaginar que o visor de sua câmera é dividido horizontalmente e verticalmente por dois linhas eqüidistantes, formando nove pequenos quadros. Todos os quatro cruzamentos, ou a posição das linhas são bons lugares para se colocar o elemento principal da cena.

12)PONTO DE VISTA: Alto e Baixo – Mude seu ponto de visão, fotografe de um local mais alto, de cima para baixo ou vice-versa. As imagens ganharão uma nova e interessante perspectiva.

13)USE A COR – Localize na cena cores fortes e impactantes. Lembre-se de que as cores mais importantes, fotograficamente falando são: VERMELHO, AZUL, VERDE E AMARELO. São as cores VAVÁ, as que se reproduzem melhor. Incluí-las na sua imagem é certeza de ótimos resultados! Selecione elementos de cores vivas dentro de uma atmosfera de cores tênues para criar contraste marcante e interessante. Utilize também somente cores vibrantes (Cores VAVÁ) ou tênues para dar ao ambiente clima ou atmosferas diferentes.

13)PERSPECTIVA – Sempre que se fotografa utilizando linhas retas de um prédio, rua, etc, a imagem ganha, com suas linhas que convergem a um único ponto, uma noção de tridimensionalidade e profundidade.

14)PADRÕES – Um quadro cheio de elementos com o mesmo formato, ainda que com tamanhos e cores diferentes, forma o que chamamos de Padrões.
Os padrões podem ser encontrados na natureza ou ainda criados pelo homem.
Para encontrá-los, é necessário olhar a cena em partes e selecionar os padrões.

15)LUZ E SOMBRA – Trabalhe o modelo ou objeto juntamente com a sua sombra projetada por luz natural ou artificial para obter efeitos criativos.

16)TEXTURA – Quando se fotografa a textura de superfícies, como árvores, paredes descascadas, pele, a imagem transmite a sensação do toque.
O melhor horário para se fotografar textura é pela manhã ou tarde, pois a luz do sol estará incidindo lateralmente.

17)MOLDURAS – Use molduras para fotografar um modelo ou objeto. Essas molduras podem ser janelas, portas, folhagens e outras formas, para definir melhor seu primeiro plano.

Alguns itens a serem observados para se conseguir bons resultados enquanto se fotografa:

A) VISÃO OU CONCEPÇÃO: Refere-se a escolha do assunto, originalidade do tema ou da apresentação e sua criação. Pontos negativos: banalidade, imitação, confusão, reprodução.©Enio Leite, Escola Focus

B)INTERPRETAÇÃO E TRATAMENTO: Adequadas ou não ao tema – Naturalidade ou artificialismo. Escolha adequada ou não ao processo utilizado. Há temas que apresentam excelentes resultados em Preto & Branco e outros em cores. Pontos negativos: interesse restrito, limitado ou de caráter pessoal, simples documentação.

C) COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: Arranjo harmonioso dos elementos que formam e integram o quadro, formas linhas, massas, tons, luzes e sombras – Ângulo de tomada, perspectiva, utilização da profundidade de campo – Cores e enquadramento – Equilíbrio – Harmonia das Cores ou dos Tons de Cinza, quando for o caso.©Enio Leite, Escola Focus

D) TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: em Photoshop ou Fotoacabamento – Qualidade da cópia ou da ampliação. Definição, textura, rendimento tonal – Boa ou má execução técnica do processo utilizado – aproveitamento e rendimento das cores, quando for o caso – Acabamento e apresentação.

Lembre-se sempre: Estética, qualidade técnica e conteúdo informativo são os três elementos básicos que diferem seu trabalho.

Enio Leite
Focus – Escola de Fotografia.

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