Entrevista com o fotógrafo Angelo Pastorello

Divulgação PDF- Angelo, de onde surgiu a sua paixão pela fotografia? PASTORELLO- De um curso que eu freqüentei quando eu estava na oitava série. Durante dois meses à tarde na escola, eu aprendi o básico de laboratório. Foi o laboratório e suas infinitas possibilidades que eu comecei a me interessar por fotografia. PDF-Conte um pouquinho sobre a sua trajetória profissional. PASTORELLO- Depois de três anos revelando e ampliando fotos no banheiro da casa dos meus pais, fui trabalhar como printer do laboratório Fuji. Trabalhei durante 6 meses. No ano seguinte, fui ser assistente do Studio Forster&Brehm, que fazia muita foto de decoração, arquitetura e still. Trabalhei durante 2 anos. A partir daí, fui fazendo alguns trabalhos diretamente com clientes, na área de decoração/arquitetura e alguns stills. Trabalhei algumas fotos de festas e eventos para a revista Vogue durante um ano, editoriais para a Revista casa Cláudia. Passei um ano fotografando modelos para um novo portifólio, pois eu queria fotografar gente. Em seguida, começa a minha trajetória com fotografia de moda, Portraits. PDF- Qual é o segredo para um bom click? PASTORELLO- Esta é uma resposta subjetiva, pois não há segredos. Há sim, o” olhar” de cada um para cada situação, como imprimir uma “assinatura” no trabalho, a maneira de cada um aliar a técnica ao estilo. PDF- Quais são as melhores posições para fotografar as modelos? O que as fotos querem transmitir? PASTORELLO- Cada trabalho tem um conceito, seja ele de Autoria para uma exposição, para uma publicidade ou editorial. Portanto, as situações são sempre muito diferentes. Para moda, as posições estão aliadas a “atitude” e comportamento. Em algumas situações, as posições que valorizam a roupa são importantes, em outras, menos importantes. Em um ensaio de nu e sensualidade, vai depender do corpo da modelo e da locação, assim também como a luz escolhida para o trabalho. Uma tomada de ângulo de baixo para cima, quando se fotografa corpo inteiro. Faz com que a modelo se torne mais longelínea, isto para moda é um bom recurso. PDF- Nos ensaios sexuais da playboy, ao fotografar, como deixar as modelos “à vontade”? PASTORELLO- O segredo é não ser sexual e sim sensual !!! As revistas como Playboy e Sexy enfatizam o nu e a sensualidade, e deixam que cada leitor faça a sua interpretação. A interação entre fotógrafo, equipe e modelo é fundamental. Transmitir segurança para a modelo através da direção, faz com que as modelos sintam-se a vontade. ps. Meus últimos trabalhos para a Playboy não foram ensaios de nu, foi um editorial de moda masculina, o retrato do diretor da revista, e um portrait da atriz Cibele Dorsa. Ps2 Os ensaios mais recentes de nu, foram para a revista Sexy de julho (Gabriele Monteiro) e os próximos números: A de novembro (sheila Mello) e a de Dezembro (Ana Paula). PDF- Como você define a frase “nu artístico?”. PASTORELLO- Acho uma frase feita que “tenta” dar uma “nobreza” a qualquer foto! Seja ela de nu, ou qualquer tema, tenta nos dizer que não é comercial, são rótulos de classificação. Ser artístico ou não artístico é questão de intenção! Se eu tiver uma foto pornográfica e colocá-la em uma exposição e disser que ela é artística, ela será artística, sendo ela boa ou não. O importante é sabermos que : ser “artístico” não significa que a fotografia é boa. PDF- Quais são os tipos equipamento fotográfico que você usa? PASTORELLO- Eu tenho muitos equipamentos, para várias situações: Sinar F2 4x5, Lente nikkor 300mm f:5.6 intenção Lente schinneider 240 mm f: 5.6 Lente kodak 300 mm f:4.5 Kodak 8x10 fieldcamera Hasselblad SW com motor Lente Hassel 120 mm F:4 Lente Hassel 80mm f :2.8 Lente Hassel 50mm f :4 Pentax 6x7 ll com 4 lentes Cânon EOS 1V Cânon 5D Cânon 30 D Lente Cânon 70-200 f:2.8 Lente Cânon 20mm f:2.8 Lente Cânon 105 mm f: 2.8 Lente Sigma 24-70 f:2.8 Flashes Mako Fresnel de cinema adaptado para flashe Atec para fotos externas PDF- Por que você desenvolve técnicas em laboratório fotográfico especialmente com filmes infravermelho? PASTORELLO- O laboratório é um recurso que traz muita personalidade ao trabalho, principalmente em tempos de photoshop! Alguns resultados só são possíveis no laboratório. Um deles é com o filme Infravermelho, pois as diversas combinações de reveladores, tempo de revelação e ampliações tornam-se únicos. O “erro” humano no laboratório também é um fator importante, pois este erro faz com que alguns resultados sejam únicos e não possam se repetir... Os fatores químicos e físicos fazem com que as condições se apresentem diferentes a cada vez que usamos o laboratório. Claro que existe o lado do prazer de revelar e ampliar as próprias fotos, com isso, as fotos ganham um caráter mais personalizado ainda. Para os fotógrafos que fazem exposições e tem o trabalho autoral assinado e numerado, ampliar as próprias fotos é um diferencial. PDF- Qual é a sua opinião sobre a Era Digital? Você acha que as câmeras digitais têm inibo a Linguagem Fotográfica? PASTORELLO-A linguagem não está na captação digital ou não digital, está no conceito. Acho que a era digital popularizou ainda mais a fotografia. Enquanto registro celulares fazem fotos....A imagem passou a existir e povoar telas e monitores e menos os papéis. A manipulação da imagem também se tornou popular, não há mais crédito na autoria. A pergunta mais comum é: “mas esta foto tem photoshop?” Esta pessoa foi photoshopada! “Todos somos fotógrafos por natureza, basta enxergar”. O conceito faz a diferença. PDF- Existe algum trabalho fotográfico em especial que você tenha feito e tenha mais se identificado? Qual? E por que este? PASTORELLO- Eu me envolvo integralmente enquanto estou desenvolvendo um trabalho, seja ele um editorial, uma publicidade ou um ensaio para uma exposição. Mas os ensaios para as exposições, eu tenho um carinho especial, porque eles com certeza vão se tornar atemporal e fazem parte do total da minha carreira. PDF- Você tem algum projeto novo em vista? Qual? PASTORELLO- Sim, tenho duas exposições que eu ainda estou fotografando, Acústica, só com retratos de músicos da MPB, e Atacama, sombras ,pretos e brancos. Sobre o deserto do Atacama e salar do uyuni na Bolívia. PDF- Tem algo que não foi perguntado e você queira contribuir para a entrevista? PASTORELLO- Considero a evolução da fotografia digital um marco na fotografia, o que não anula a fotografia com filmes. As diferenças são importantes, para que possamos ter escolhas, embora os filmes, papéis fotográficos, químicos de laboratório estão se tornando cada vez mais difíceis ( se tratando de Brasil ) de encontrar. Eu convivo muito bem com as duas, mesmo considerando que a fotografia digital me toma mais tempo e o custo é muito maior no investimento de equipamentos, computadores, scaners e impressoras. Para um mercado cada vez mais rápido, muitas vezes somos seduzidos a comprar novos equipamentos, o que não significa que nos tornaremos melhor fotógrafo. Para os interessados em conhecer um pouco mais do trabalho do fotógrafo, basta acessar o site: www.angelopastorello.com.br