quinta-feira, 23 de julho de 2009

Fotografia artística e fotojornalismo

Todos os objectos que não exigem ser experienciados esteticamente são objectos práticos, veículos de comunicação e funcionais. Para ser fotografia artística implica ser experienciada esteticamente, com olhar desprendido da intelectualidade e não emocionalmente relacionada com realidades exteriores. Sendo representação artística, pode conter aspectos práticos e de funcionalidade, mas estes são secundários. Um juizo emitido pelo vulgo ou senso comum, não é suficiente para se considerar "arte". É preciso um juizo que ultrapasse o limite da subjectividade individual. Assim sendo, o fotojornalismo será uma linguagem prática e um veículo de comunicação funcional? A resposta é sim, embora tenha de se considerar aspectos colaterais que, somados aos primeiros, fazem da fotonotícia uma composição tanto mais rica quanto maior for o número de elementos que a compõem. Mas sem desviar a atenção dos leitores daquilo que é primordial: o registo da essência da condição humana, em imagens capazes não só de informar os leitores como também de lhes trazer esclarecimentos, a nível racional. No fotojornalismo, é obrigatório algo mais: um determinado olhar pirrónico, a visão crítica do fotógrafo-jornalista e a certeza de que nem todos os acontecimentos são notícia. O fotojornalista e o fotógrafo-artista, embora lidando com géneros diferentes, têm, pelo menos, um ponto comum: ambos não deixam de pressupor um diálogo entre aquilo que representam e o observador. Tal é suficiente para se justificar uma interrelação disciplinar, porque o destinatário dos seus trabalhos é comum - o Homem.
in Perspectiva(s) e Fotojornalismo de Manuel Correia

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