sexta-feira, 24 de julho de 2009

Introdução a Foto Subaquática - Parte I

Introdução a Foto Subaquática - Parte 1

Amigos, irei através desse e de futuros artigos falar de maneira simples e direta sobre o uso da câmera em modo manual, e o porque da importância de se fotografar neste modo.

Também falarei um pouco sobre iluminação, tanto com flash interno, como com flash externo. Ao final deste artigo o leitor será capaz de realizar o controle parcial de sua câmera aumentando sensivelmente a possibilidade de se obter imagens de alta qualidade.

  • Considere quatro comandos principais em uma câmera:
  • O controle do tamanho da abertura do obturador
  • Velocidade com que esse obturador abre
  • Controle de equilíbrio do branco (white balance)
  • Controle da velocidade ISO (ISO speed).

Neste artigo falaremos sobre tamanho e velocidade do obturador.

Primeiro controle

O tamanho da abertura do obturador consiste em uma escala dividida por F (efe) stops, indo de F1.0 até F45.0. Um é a maior abertura, permitindo maior entrada de luz e 45, a menor abertura e com menos entrada de luz. Isso mesmo, os números são inversamente proporcionais, sendo 1 a maior abertura e 45 a menor. Esses números podem variar entre câmeras e modelos, mas o que importa é o conceito.

Quando estamos praticando uma abertura de F 2.8, o obturador, que é um dispositivo mecânico que abre e fecha controlando o tempo de exposição da luz obtida pelo CCD*, fará uma grande abertura, proporcionando assim maior entrada de luz. Em uma abertura de F 8.0 este obturador estará realizando uma abertura pequena e limitará a entrada de luz.

Agora que já entendemos como funciona o controle de abertura do obturador vamos incrementar nosso estudo com o segundo controle básico do modo manual.

Controle de velocidade

Quando um obturador realiza uma abertura grande de F2.8, ou uma abertura pequena de F 8.0, o obturador leva um tempo para abrir e fechar. Esse tempo além de ser mais uma variável para quantidade de luz que entra, também será responsável pelo congelamento da imagem fotografada.

Pensem comigo: Quão rápida deverá ser a exposição da luz ao CCD para que eu congele um carro parado em um estacionamento ? Será que a mesma velocidade para congelar um carro passando à minha frente andando à 100Km por hora ?

Claro que para fotografar um carro parado posso contar com bastante tempo, ou seja uma abertura lenta.


E para congelar o carro em alta velocidade, as asas de um beija flor em pleno vôo, um peixe de passagem tal como um bonito, um dourado, um tubarão ?

Neste caso, devemos usar uma velocidade um pouco mais rápida, sem que a foto fique escura.

A velocidade é o tempo de abertura necessário para luz sensibilizar o sensor CCD ou CMOS*. Nunca use velocidades menores que 1/80, pois sem o auxilio de um tripé essa foto poderá ficar borrada somente pelo movimento natural das mãos.

O tempo de exposição geralmente é contado por 1/x, sendo X uma fração de tempo em 1 segundo.

Em sua câmera você verá assim:

  • 1/8000 s
  • 1/4000 s
  • 1/2000 s
  • 1/1000 s
  • 1/500 s
  • 1/250 s
  • 1/125 s
  • 1/60 s
  • 1/30 s
  • 1/15 s
  • 1/8 s
  • 1/4 s
  • 1/2 s
  • 1 s
  • B (de bulb) — Que mantém o obturador aberto enquanto o botão disparador estiver pressionado.


Observe que a velocidade mais rápida é 1/8000s sendo 1s a mais lenta.

Exemplo: Meu obturador está programado para fazer uma abertura grande de F 2.8 e vou precisar de uma velocidade muito rápida de 1/4000 s.

Meu obturador está programado para uma abertura bem pequena de F:8.0. Ora, estou a 12 metros de profundidade a luz não está abundante e estou fotografando um peixe parado me olhando ou até mesmo um nudibrânquio. Posso utilizar uma velocidade um pouco mais lenta tal como 1/100 ou até mesmo 1/80 no caso do nudibrânquio.

Coloque sua câmera em modo manual e comece a treinar a operação de troca de tamanho e velocidade do obturador, e se precisar consulte o manual de instruções da câmera. Caso não o tenha, baixe uma versão do manual pela internet ou me consulte através deste site.

Compreendidos esses dois fundamentos da fotografia, nos aprofundaremos um pouquinho mais nestes assuntos com a ajuda de casos práticos.


Que importância tem o tamanho da abertura além de controlar a luz ?

Com o tamanho de abertura do obturador você também controla a quantidade de coisas que estarão em foco, ou seja, quando fotografar um peixe que está logo à frente de um mergulhador, você poderá escolher se deseja somente o peixe em foco ou ambos, o peixe e o mergulhador completamente em foco na foto. Esse controle é conhecido como profundidade de campo.

Quanto maior a abertura, menor a quantidade de coisas em foco, por tanto menor profundidade de campo, quanto menor for a abertura, mais coisas estarão em foco na foto, maior profundidade de campo.

Se estiver fotografando um peixe que está em frente à uma gorgônia, poderá optar por focar somente no peixe e deixar a superfície da gorgônia completamente desfocada usando uma abertura grande tal como F2.8 . Esse artifício é interessante pois além de esconder um fundo talvez não muito bonito como uma gorgônia toda rasgada ou uma pedra sem atrativos, pode ser usado para dar aquela noção de destaque do objeto quase saindo da tela.

Em um outro cenário onde um peixe está em frente de uma bela gorgônia, ou até mesmo em frente de uma bela e colorida esponja, se você deseja compor um cenário do peixe e o ambiente marinho, uma abertura menor deverá ser feita tal como F8.0 .

Agora que todos compreenderam o conceito de profundidade de campo eu jogo a seguinte questão para pensarmos:

Tenho um lindo peixe frade em frente de uma linda gorgônia e gostaria de compor uma foto incluindo o cenário completo a minha frente, porém estou a 14 metros de profundidade no finalzinho da tarde e a luz está ficando fraca. O que devo fazer para ter uma profundidade de campo com uma abertura bem pequena de F8.0 ?

É fácil, eu sei que para este cenário não conto com muita luz e para piorar, preciso realizar uma abertura bem pequena. Então recorrerei a velocidade, e tentarei a menor velocidade possível sem deixar de congelar o peixe.

Não utilize para foto-sub velocidades abaixo de 1/100, pois dessa maneira, você diminui o risco de borrar a foto.

E se considerarmos o mesmo cenário anterior mas ao invés de um frade, tivermos uma donzela inquieta ?

Nesse caso, assim como no caso de um carro em alta velocidade, precisaremos de uma velocidade um pouco maior algo em torno de 1/250 . Conseguir a velocidade adequada para congelar o animal, manter a profundidade de campo desejada sem ter uma foto escura, é a grande graça e desafio deste cenário.

Num segundo cenário onde temos um peixe em frente a uma pedra horrível que desejamos escodê-la, estando aos 6 metros de profundidade em pleno meio dia ? (muita luz)

Também é fácil... Temos então a necessidade de uma abertura bem grande tal como F2.8 para diminuirmos a profundidade de campo e focarmos somente o peixe na foto. Com uma abertura tão grande teremos que diminuir a entrada de luz de outra maneira. Que tal então tentar uma abertura F2.8 e uma velocidade rápida de 1/1000 ?

Sugestão

Ao chegar ao fundo faça primeiramente uma avaliação da iluminação, não espere aquele peixe lindo ou aquela cena espetacular aparecerem na sua frente para constatar que sua abertura está pequena demais, ou sua velocidade demasiadamente lenta.

Dispare contra o primeiro objeto a frente e observe no seu LCD se o resultado está adequado. Faça isso toda vez que perceber um aumento ou diminuição da luz, em virtude de profundidades variadas, sombras e cair do dia.

Fotografar no modo manual é importante pois você pode controlar o que quer que a lente capture. Enganar as lentes de uma câmera e fazer ela enxergar o que você quer é uma das brincadeiras mais gostosas na fotografia, tal como reproduzir de maneira fidedígna aquilo que seus olhos estão vendo naquele momento.

Como diria Andreas Feininger "A boa fotografia é o sucesso da síntese da técnica unida a arte".

Não esperem para treinar embaixo d’água, é imperativo que vocês treinem um pouquinho todo o dia, fotografem objetos em casa e depois comparem os resultados no computador. Em seguida , continue fotografando e corrigindo as falhas, acelerará bastante sua evolução na fotografia subaquática.

Teremos uma sequência de artigos que ajudarão no aprimoramento da fotografia, especialmente a subaquática. Na sequência, abordaremos os seguintes assuntos:

  • Equilíbrio dos brancos (white balance)
  • Velocidade ISO (ISO speed)
  • Utilização de flash's internos e externos
  • Enquadramento e composição em fotos grande angular e macro.

Para tirar dúvidas, estarei à disposição através deste site ou na área de contatos do meu site, no endereço www.danielbotelho.com.br .

Além de dúvidas sobre assuntos abordados ao longo dos artigos, também me coloco a disposição para dicas sobre aquisição de equipamentos.

Interessados em se aprofundar no assunto, poderão se inscrever em cursos de fotografia avançada e profissional com abordagens mais complexas e artísticas. Basta acessar a área de contatos do meu site para averiguar disponibilidade de turmas, dias e cidade do Brasil.

*

CCD Ccharge-coupled device ou Dispositivo de Carga Acoplado. É um sensor para a gravação de imagens formadas por um circuito integrado contendo uma "tabela" de capacitores ligados (acoplados). Sob o controle de um circuito externo, cada capacitor pode transferir sua carga elétrica para um outro capacitor vizinho. Os CCD's são usados em fotografia digital, imagens de satélites, equipamentos médico-hospitalares, como por exemplo os endoscópios e astronomia (particularmente em fotometria, óptica e espectroscopia UV e técnicas de alta velocidade).

A capacidade de resolução ou detalhe da imagem depende do número de células fotoeléctricas do CCD. Este número se expressa em pixels. Quanto mais for o número de pixels, maior será a resolução.

CMOS Pronuncia-se "Cê-Mós". É um acrónimo para complementary metal-oxide-semiconductor, i.e., semicondutor metal-óxido complementar. É um tipo de circuito integrado onde se incluem elementos de lógica digital (portas lógicas, flip-flops, contadores, decodificadores, etc.), microprocessadores, microcontroladores, memórias RAM, etc. Esta tecnologia é complementar à tecnologia de fabricação de transistores MOSFET. Em particular na tecnologia CMOS o circuito é composto de um transistor MOSFET canal N e um transístor MOSFET canal P, tal como um inversor lógico CMOS. A principal vantagem dos circuitos integrados CMOS é o baixíssimo consumo de energia, embora não sejam capazes de operar tão velozmente quanto circuitos integrados de outras tecnologias. Por causa disso, são largamente utilizados em calculadoras, relógios digitais, e outros dispositivos alimentados por pequenas baterias.

No jargão dos computadores, é comum usar o termo "CMOS" para se referir a uma determinada área de memória, onde ficam guardadas informações sobre os periféricos instalados e a configuração inicial do computador, além do relógio e calendário. Como a memória e o relógio precisam ser preservados mesmo com o computador desligado, são alimentados por uma pequena bateria de lítio, e somente a tecnologia CMOS pode produzir dispositivos com um consumo baixo o suficiente para este propósito. A memória e relógio estão embutidos em um circuito integrado fabricado com tecnologia CMOS, levando ao uso equivocado do nome.

Um sensor CMOS, em particular, é um tipo de sensor de imagem usado comumente em câmeras digitais feito na mesma tecnologia, e que tem sendo utilizado como um alternativa mais barata aos sensores do tipo CCD.

Velocidade Alta

Velocidade Baixa

Utilizando F5

Utilizando F32

Longa Exposição

Longa Exposição

Velocidade Alta

Velocidade Baixa

Diferentes tempos de exposição

Daniel Botelho é fotógrafo

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