segunda-feira, 20 de julho de 2009

Marcelo Andrê escreve artigo sobre macrofotografia


Ao iniciar esta breve discussão sobre macrofotografia torna-se
necessário salientar alguns termos técnicos utilizados neste ramo da
fotografia. Diferente do que costuma ser dito, apenas se aproximar e
fotografar um objeto de perto não é macrofotografia. Vamos começar
explicando o que é ampliação, um termo muito utilizado.


A ampliação é uma relação numérica entre o tamanho original do assunto
a ser fotografado, seja ele um inseto, um selo, uma folha etc. e o
tamanho que o mesmo aparecerá no filme, e não no papel.





Imagine que você irá fotografar um objeto que tenha apenas 5 cm,
como um grande grilo. Imagine agora que você fez um enquadramento bem
fechado nele, o colocando por inteiro dentro do fotograma, ou seja, o
seu grilo terá uma medida de 3,6 cm no filme, a medida de cada
fotograma nas câmeras 35 mm. Para calcular a ampliação é só dividir o
tamanho do assunto no filme pelo tamanho original do assunto, ou seja:
3,6/5,0 ~ 0,7. Pode-se falar então que a ampliação foi 1:0,7 (1 para
0,7).

Pense agora em uma aproximação maior, colocando apenas parte do
grilo na foto, enquadrando 3,6 cm do inseto. No filme ele terá esse
mesmo tamanho, ou seja, 3,6 cm. Calculando a ampliação chegamos a 1:1
(um para um), que também é chamado de life size, ou tamanho real, já
que o assunto aparecerá no filme do mesmo tamanho que ele realmente é.

Você pode ainda querer uma ampliação maior ainda, pegando
apenas 1,8 cm do inseto, fazendo com que este espaço ocupe todo o
fotograma. A ampliação será 2:1, ou seja, o objeto terá o dobro do
tamanho original quando olhado no filme.

Pensando nos termos relacionados a essa ampliação, começando de
uma menor para uma maior ampliação nós temos a fotografia close-up,
responsável pelas ampliações entre 1:10 e 1:1. Aumentando a ampliação
chegamos a verdadeira macrofotografia, que começa no life size 1:1 e
vai até 10:1. Maiores ampliações, ou seja, 10:1 ou maiores já caem no
ramo da microfotografia, sendo normalmente utilizado uma câmera
fotográfica acoplada a um microscópio.








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Filmes

Em macrofotografia, como se busca a reprodução dos detalhes, os
melhores filmes a serem utilizados são aqueles com baixa sensibilidade
e granulação muito fina, permitindo assim uma reprodução dos detalhes
sem perda de informação na fotografia. São preferidos ainda filmes
reversíveis, os cromos (slides), que possuem uma granulação mais fina
ainda em comparação aos negativos.


No mercado nacional encontramos diversos filmes para este uso, sendo
que pessoalmente aprecio muito o Fuji Provia 100F, que é extremamente
fino e possui uma boa sensibilidade, proporcionando uma ótima
reprodução de detalhes. Só não esqueça que os filmes reversíveis
necessitam de uma revelação diferente dos filmes negativos, então será
necessário leva-lo a um laboratório que faça esse tipo de revelação.




Câmera fotográfica, lentes e acessórios

O tipo de câmera fotográfica mais utilizado em macrofotografia é
a câmera 35 mm reflex. Este tipo de câmera permite que você veja
através do visor exatamente o que aparecerá na fotografia, facilitando
seu trabalho.

Existem objetivas específicas para macrofotografia, as lentes
macro, que permitem grandes ampliações e possuem uma excelente
qualidade ótica. O maior inconveniente dessas lentes é preço, sempre
elevado.

Para sanar este problema já que não são todos que podem
adquirir uma lente macro existem alguns acessórios que permitem um
maior ampliação com o uso de lentes normais. O acessório mais popular
de todos é o filtro Close-up, que como o próprio nome diz, permite que
você chegue mais perto do assunto a ser fotografado, proporcionando
assim uma maior ampliação.

Os filtros close-up, que possuem sua potência indicada por
dioptrias, sendo os mais comuns os +1, +2, +3 e +4, são rosqueados
diretamente na frente da objetiva, sendo portanto encontrados em
diferentes tamanhos e individualmente ou em kits. Quanto maior o valor
de dioptria mais próximo você poderá estar focalizando. Você pode ainda
utilizar mais que um filtro ao mesmo tempo, sendo que sua potência
final será a soma dos filtros utilizados. A vantagem desse acessório é
o custo, muito menor que uma lente macro e não há perda de
luminosidade. Como desvantagem esta sua qualidade ótica, principalmente
nas bordas da foto, sendo necessário ara minimizar este problema o uso
de pequenas aberturas de diafragmas. Existe ainda filtros close-up com
mais de um elemento ótico, permitindo assim uma melhor qualidade ótica,
ma você irá pagar por essa diferença.

Outros acessórios utilizados em macrofotografia, menos
conhecido do público, são os tubos de extensão ou foles. Os tubos de
extensão são tubos de tamanho fixo que são colocados entre a lente e o
corpo da câmera, permitindo assim uma maior ampliação do objeto a ser
fotografado. Os foles são semelhantes, com a diferença de poder move-lo
para frente ou para trás, mudando assim seu tamanho. Como vantagem está
a qualidade ótica. Como eles não possuem nenhuma lente, não haverá
perda de qualidade por esse motivo. Como desvantagem estão os preços,
principalmente se sua máquina for eletrônica e a perda de luminosidade,
sendo muitas vezes estritamente necessário o uso de velocidades baixas
ou a iluminação com uma fonte externa, como um flash.

Ainda mais desconhecidos do público são os anéis de inversão,
que permitem que uma lente seja fixada à câmera fotográfica do lado
contrário, com seu elemento frontal junto ao corpo da máquina e seu
fundo para frente. Este recurso é muito apreciado por permitir uma boa
qualidade ótica das reproduções. Outro recurso é ainda colocar uma
lente invertida em frente a uma lente colocada na própria máquina
fotográfica. Apesar de raros, existem adaptadores para tal função. Como
vantagem esta a boa qualidade ótica, como desvantagem, em muitos casos
ocorre vinhetagem na fotografia, sendo então necessário o uso conjunto
de tubos de extensão.

Outros acessórios muito utilizados em macrofotografia, apesar
de não serem os responsáveis pela ampliação em si são os flashes. Um
flash é uma fonte de luz que irá iluminar um objeto em casos de pouca
luz. A vantagem do flash é permitir o uso de menores aberturas de
diafragma, proporcionando uma maior profundidade de campo, bem critica
em macrofotografia. Outra vantagem é que permitir o uso de velocidades
mais altas, o que é necessário no caso de objetos em movimento ou se a
câmera estiver sendo utilizada na mão.

Existem vários tipos de flashes, os mais recomendados são os
que possuem leitura TTL, ou seja, medem diretamente a iluminação
fornecida pela própria lente, não sendo necessária nenhuma preocupação
com compensação na hora a fotografia. Existem ainda flashes específicos
para macrofotografia, como o ring-flash. Este modelo de flash é
circular e colocado na frente da objetiva, com ele você terá uma
iluminação vindo de todos os lados, eliminando sombras muitas vezes
indesejáveis. Como desvantagem esta o chapamento da imagem. Como as
sombras serão eliminadas, o volume da imagem também será prejudicado.
Na maioria dos casos, um flash simples com um cabo disparador é
suficiente. Posiciona-se o flash em uma posição superior e paralela a
lente, permitindo assim uma iluminação sem muitas sombras por baixo e
sem perder a textura e volume da imagem. Pode-se facilmente montar um
bracket para esse uso, fazendo com que o flash fique posicionado no
local certo sem ter que se preocupar em segura-lo, facilitando o
movimento da câmera.

Muitas vezes também se torna necessário o uso de um tripé,
fazendo com que a câmera fique mais firme e a fotografia não saia
tremida. Em conjunto ao tripé é sempre bom utilizar um cabo disparador,
evitando assim que a câmera trema ao ser acionado o seu botão
disparador. Outro acessório útil nesta circunstância é um trilho,
também dificilmente encontrado no Brasil. O trilho permite que a câmera
seja movimentada para frente e para trás em pequenos movimentos,
permitindo assim um controle melhor do foco.








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Fotografando em campo

Não adianta ficarmos apenas discutindo a parte técnica e teórica
da macrofotografia, é interessante sabermos na prática o que irá
funcionar e nos proporcionar belas imagens quando sairmos em campo, ou
seja, na hora de realmente fotografarmos.

A primeira consideração a ser levada em macrofotografia antes
de começar a fotografar é o custo. Não adianta pensarmos em começar com
uma lente macro, dois flashes, 15 rolos de cromos etc e tal se não
tivermos a condição para tal. Então a primeira coisa a fazer é pensar o
que você tem e o que é possível com o seu equipamento.

Uma outra característica normalmente muito limitante é o peso
do conjunto. Nos casos de se fotografar em um parque na cidade, onde o
equipamento será levado de carro, esse fator não é muito importante.
Entretanto, no caso de uma viagem longa, de vários dias e com
quilômetros de caminhada com mochila e equipamentos nas costas, esse
fator começa a ser preocupante. Pense sempre o que você deseja
fotografar e mais que tudo, estude antecipadamente o local. Não adianta
você se preparar para fotografar flores, organizar e separar o melhor
equipamento para o tal e chegar no local e... não haver flores!
Conhecer o lugar muitas vezes é tão importante quanto o fato de
organizar e separar o equipamento.

Com a preocupação de que equipamento levar resolvida, chega a
hora de realmente fotografar. Em macrofotografia existem alguns pontos
que são mais críticos, sendo eles:


- profundidade de campo

Quanto maior for a ampliação, menor será a profundidade de campo.
Devido a isso você terá de usar pequenas aberturas de diafragma, o que
tornará necessário o uso de velocidades baixas de disparo (lembre-se
que os melhores filmes são os pouco sensíveis!).


- foco

O foco em macrofotografia é muito crítico e, aliado à profundidade
de campo limitada, torna-se necessário um grande cuidado na hora de
focalizar. Como primeira dica, se sua máquina possui autofocus,
desligue-o! Devido ao foco muito limitado, qualquer movimentação fará o
sistema de focagem automática de sua máquina ficar maluco, indo para
frente e para trás sem achar um ponto ideal, portanto comece
desligando-o! Outra sugestão é, ao invés de se preocupar em ajustar o
foco através do anel de foco, mantenha-o fixo e movimente a câmera para
frente e para trás. Apesar de estranho, este modo de focalizar é muito
mais simples e fácil. Olhando pelo visor e movimentando levemente a
câmera, quando o assunto estiver em foco é só disparar. Um acessório
que ajuda e muito nessa circunstância é o trilho, que permite pequenos
movimentos para frente e para trás mantendo a câmera fixa em um tripé.


- iluminação

Devido ao problema da profundidade de campo limitada, sendo
necessário o uso de pequenas aberturas de diafragma, será necessário
também o uso de uma velocidade baixa de disparo, o que pode ser
resolvido com o auxílio de um bom tripé e um cabo disparador. No caso
de se fotografar algo em movimento, isso não será possível, sendo então
necessário o uso de uma fonte externa de luz, como um flash. Pode-se
usar um ring-flash ou um flash simples. Com um flash simples recomendo
o uso de um cabo disparador e o posicionamento do mesmo de modo que o
assunto seja completamente iluminado, evitando a formação de muitas
sombras, o que ocorre se o mesmo for deixado em sua posição padrão,
sobre a câmera. Para facilitar o trabalho com o flash pode-se comprar
ou fazer em casa um bracket. Desse modo faz-se um prévio posicionamento
do flash, deixando para o momento da foto apenas a preocupação com o
enquadramento e foco.


- Círculo de medo

No caso de se fotografar plantas, rochas ou qualquer objeto
estático isso não é uma preocupação. Entretanto, no caso de fotografia
de insetos, isso deve ser sempre levado em conta. O círculo de medo é
referente ao quão próximo um inseto deixa que você se aproxime dele.
Alguns insetos como formigas, besouros, lagartas, grilos etc. não
parecem se incomodar muito com a aproximação de um fotógrafo. Já outros
insetos, como as moscas, borboletas, mariposas, libélulas etc. possuem
um maior receio conosco, fotógrafos. Para se fotografar esses insetos é
necessário o uso de uma teleobjetiva, permitindo a fotografia a uma
maior distância e uma boa dose de sorte, relacionada com o humor do
inseto.








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Considerações finais

Estando pronto e preparado para uma saída macrofotográfica com
câmeras, lentes, filtros, tubos, filmes, flashes, tripés, cabos e tudo
mais que você possa precisar, "perca" alguns dos minutos antes de sair
programando detalhadamente o seu roteiro, inclusive verificando a
previsão do tempo para o local onde você deseja fotografar.

Uma surpresa boa em macrofotografia é achar uma bela flor sem
nenhum defeito em suas pétalas, um inseto diferente, colorido e calmo,
texturas diferentes e não dar de cara com uma forte chuva no caminho ou
um tempo frio de congelar os ossos. Além disso, os insetos não costumam
gostar muito de frio, quando desejar fotografa-los prefira os dias
quentes e úmidos e, por esse mesmo motivo, cuidado redobrado com o
equipamento, que teme muito a umidade.

Outra sugestão que muitas vezes é esquecida e responsável por
uma saída fotográfica se tornar uma saída frustrada é a vestimenta.
Sempre que for fotografar em meio à natureza procure não estar
destoante com suas cores, evitando estar com uma calça vermelha, uma
camiseta amarela e boné verde limão. Cores claras como o branco também
não são recomendadas porque além de chamarem muito a atenção em meio à
natureza, sujam muito (chegará um dia em que você terá de ajoelhar na
lama para conseguir aquela foto, lembre-se de mim nesse momento!).
Prefira sempre roupas em tons verde e beges e sempre compridas. Um
colete fotográfico é outra dica útil, deixando tudo com um acesso mais
facilitado para você.


Lembre-se também que enquanto você estiver à procura de insetos para
fotografar eles estarão à sua procura para se alimentar. Um bom
repelente irá muitas vezes literalmente salvar sua pele.

Para fotos de flores ou outros assuntos estáticos não é
necessária tanta preocupação, mas sempre programe o que você deseja
fazer e estude a época da floração para não se decepcionar encontrando
apenas flores murchas.

Como última e final consideração, respeite sempre a natureza
nunca removendo flores, matando animais ou devastando a vegetação. Leve
para casa apenas as lembranças e se você tiver sorte, muitos rolos de
filme...

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