sexta-feira, 24 de julho de 2009

Marcos Kim salienta: “ A fotografia é a prova de que Deus existe”



Divulgação
PDF- Como surgiu a paixão pela fotografia?

KIM- Dentro do laboratório PB manual, vendo a imagem surgir no papel, enquanto passava pelo banho revelador... Foi literalmente uma revelação pra mim! Isto aconteceu em 1989, na faculdade de Jornalismo da USP. Desde então sempre fotografei, por paixão. Mas me profissionalizei mesmo em 2000, após passar por outras atividades: jornalista, cantor, designer gráfico...

PDF- Como você define a fotografia?

KIM- Pergunta muito filosófica! Acho que é um grande tesão. Além disso, como gosto muito de fotografar natureza, paisagens etc, a fotografia é a prova de que Deus existe. Não dá pra olhar as Chapadas Diamantina, dos Guimarães, dos Veadeiros, e duvidar que Deus existe. Fotografia é um ato de fé.

PDF- Conte um pouco sobre a sua trajetória profissional.

KIM- Como eu disse, me formei em jornalismo na USP, em 1991. Logo atuei como jornalista, na função de editor de Cultura. Em 1994, me associei a um produtor gráfico, o Sung Jin Won, que foi um ótimo sócio: organizado, metódico, objetivo. Ou seja, tudo o que eu não sou! Ficamos juntos até 2000. Neste meio tempo me aventurei cantando no Black Voices. Amo black music! Pena que cantar mesmo, não canto muito não! A partir de 2000, encontrei um grande mestre da fotografia, o Jonas Chun. Com ele fiz uma parceria de sete anos, aprendi muito com ele. Agora em 2007, neste mês de setembro, abri meu próprio estúdio, num sobrado no bairro da Aclimação, em São Paulo. O vôo solo assusta um pouco, mas achei que estava na hora. Sou muito grato aos ex-parceiros, me ajudaram muito nestes 13 anos em que estive com eles.

PDF- Kim, no seu artigo sobre Photoshop, Fotografia Digital, Zen Surfismo e Pac Man você afirmou que apesar de vivermos na era digital, o photosphop “já era”. Por quê?

KIM- Foi um tipo de reação à hipervalorização de um software. Claro que o Photoshop é uma incrível ferramenta. Mas é apenas uma ferramenta, como a pá de cimento é pro pedreiro. E também foi uma forma de dizer que o software por si não é nada, só complementa a fotografia. É até meio chato ser visto pelas pessoas como um nerd do Photoshop. Eu sou fotógrafo, embora me conheçam mais como instrutor de Photoshop. E hoje o Photoshop é líder de mercado. Logo vai ser “carne de vaca”. Surgirão softwares melhores, mais inteligentes, mais fáceis de usar. Talvez em dois anos a gente trate o Photoshop como o Word. Um programinha aí. Nada demais.

PDF- Qual é a sua opinião sobre a “era digital”?

KIM- No artigo que você citou, eu digo algo do tipo: não tem muito o que achar. Está aí e tem de ser compreendido e absorvido. Pros homens, eu digo que esta transição do filme pro digital é como exame de próstata: encare duma vez, adiar só piora as coisas.

PDF- Quais são os equipamentos que você usa?

KIM- Normalmente, eu alugo as câmeras que uso. Posso dizer que não vejo nenhum conflito entre Canon e Nikon, por exemplo. Nem entre filme e digital, desde que se tenha um excelente scanner por perto. Usei muito as Pentax médio formato, além da Fuji panorâmica (GX617). No meu site, tem várias fotos panorâmicas. www.marcoskim.com.br. Quanto às digitais, gosto da Canon 5D, da Nikon D200... Eu as usei pra fazer o meu livro “Imagemaker – Fotografia Digital Sem Segredos” (Editora Europa). Que aliás, já está na segunda edição.

PDF- Como instrutor de fotografia digital, você já deu aula e consultoria para
alguns dos principais nomes da fotografia brasileira, entre eles Pedro
Martinelli, Manuk Poladian, Gal Oppido, Marcio Scavone, Araquém Alcântara, etc, além de ministrar palestras e workshops em todo o Brasil. Você acredita estar no auge da sua carreira profissional? Você esperava ter todo esse reconhecimento?

KIM- Vou ser bem sincero: não me vejo como um grande conhecedor de fotografia digital. Sou um usuário interessado, e que sabe ensinar aquilo que sabe. Agora, sou muito grato à minha profissão, justamente por me permitir conhecer tantos caras que eu admirava e admiro, e ter a oportunidade de trabalhar com eles ou para eles. O Pedro Martinelli foi logo no começo da minha carreira, nem sei se ele lembra de mim. Outro dia, eu o vi num restaurante onde sempre almoço, e lá tem uma exposição fotográfica minha. Não sei se ele ligou as fotos a mim! O Manuk mandou a equipe toda dele ter aulas comigo. O Gal é amigo, trocamos muitas figurinhas sobre fotografia. Quem diria que eu chamaria um craque como ele de amigo? Não é um privilégio? O Marcio Scavone é um fotógrafo fantástico, chegamos a trabalhar num projeto juntos, o livro dele de grafites em São Paulo, “Cidade Ilustrada”, eu tratei as imagens. O Araquém foi a mesma coisa, tratei algumas imagens, e tive a feliz oportunidade de conversar bastante com ele.
Quanto ao reconhecimento, realmente nunca esperei isso. Eu sempre fui apenas um cara dedicado ao meu trabalho, com ética, honestidade, sempre empenhado em ser realmente útil. Ser útil é o que me importa.

PDF- Qual é a dica que você pode dar aos fotógrafos que estão iniciando a carreira?

KIM- Desistam!!!
Brincadeirinha... Bom, a verdade é que a fotografia é que escolhe você. Como nas paixões em geral. Nem dá pra pensar se você vai ganhar muito dinheiro com isso. Provavelmente, não vai. É como jogador de futebol: tem os milionários que a gente conhece, mas a grande maioria nem deve ganhar mil reais por mês. E como em qualquer carreira bacana, o funil é estreito: não importa se você tem mérito ou sorte (tomara que tenha ambos), mas a maioria não se dá bem. Então, o negócio é tentar pra saber. Não desistam não! Boa sorte!!!



A foto de Kim é a mesma da capa de seu livro. Para os interessados em conhecer um pouquinho mais do trabalho do fotógrafo, e desejarem adquirir o livro, o site para a compra segue conforme o link abaixo, pois ele é vendido direto com a editora:


http://www.europanet.com.br/euro2003/index.php?cat_id=997&pag_id=14844

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