terça-feira, 21 de julho de 2009

Retratos Falantes - Obra em aberto do fotógrafo Paulo Fridman ganha versão em livro, editado pela DBA

Retratos Falantes - Obra em aberto do fotógrafo Paulo Fridman ganha versão em livro, editado pela DBA

Paulo Fridman

No primeiro dia dessa experiência, que começou em 1999, na Vila Madalena e no Largo da Batata, em São Paulo, uma velhinha que catava latas na rua topou fazer parte do trabalho. Surpreendentemente respondeu às três questões em um bom português e identificou-se: Maria..., ex-professora e advogada. Neste momento Fridman percebeu que tinha começado um projeto de vida.


Retratos Falantes, obra em aberto que o fotógrafo realiza há nove anos, ganha agora versão em livro editado pela DBA, com texto de Arnaldo Antunes e projeto gráfico do artista Artur Lescher. A publicação reúne cerca de 70 dos 300 personagens colecionados pelo fotógrafo, de 1999 a 2008. Composições de retratos e textos ou desenhos, contendo as respostas das três questões colocadas, transformam fisionomias anônimas e registros de seus respectivos desejos em poemas visuais.


Como indaga Antunes: se uma imagem vale mil palavras, o que vale a palavra quando também se torna uma imagem? “A manuscrita presentifica as palavras em realidades icônicas que, dispostas sobre os rostos, acentua o desvelamento de cada uma dessas pessoas”, afirma o músico e poeta. Em seu texto ele chama atenção para a inocência com que as pessoas se entregam às lentes de Fridman, ressaltando a beleza como elemento da verdade.


“No começo eu criava as composições no laboratório, artesanalmente, uma experiência que foi importante para trilhar uma concepção plástica, ao lado do caráter social que eu queria alcançar com este projeto”, explica Fridman. O fotógrafo, que continua a trabalhar em diferentes regiões de São Paulo e também em outras cidades, reuniu muito de suas “imagens depoimentos” em épocas de eleições. “Estas perguntas costumam ficar candentes nas cabeças das pessoas nestas épocas férteis para questionamentos”, afirma.


Essa série, que já nasceu premiada no concurso Brasil na Virada do Século, em 2000, foi finalista do Adobe Digital Context e faz parte dos acervos da Library of Congress em Washington, e do MAM-SP, foi também exibida na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em recorte com curadoria de Diógenes Moura, em 2004.

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